sábado, 26 de janeiro de 2008

"Uma ideia solta"

Portugal exerceu durante este último semestre de 2007 a presidência da União Europeia. Não nos limitámos a gerir o que vinha de presidências anteriores. Pelo contrário: seis meses depois, podemos dizer que deixámos claramente a nossa marca. Portugal quis dar particular atenção ao Mediterrâneo, ao Brasil e à relação EuropaÁfrica. A recente cimeira EU-África sinalizou bem essa prioridade. Mas é impossível não destacar o acordo alcançado quanto ao Tratado reformador, um autêntico virar de página na história europeia, depois de anos de impasse institucional. Com a assinatura do Tratado de Lisboa, realizada no Mosteiro dos Jerónimos a 13 de Dezembro de 2007, começou a Europa do Século XXI, para utilizar um título bastante feliz de um jornal diário espanhol.

Quando daqui a um ano terminar o processo de ratificação, estaremos então em condições de nos concentrarmos naquilo que realmente preocupa os cidadãos europeus: o emprego, a competitividade, a independência energética e as alterações climáticas. Numa palavra, a renovação da agenda de Lisboa, curiosamente outro marco de outra presidência portuguesa da UE. Só assim poderemos criar condições para a emergência de uma efectiva identificação dos europeus com o projecto europeu. O Tratado de Lisboa reforça o papel do Parlamento Europeu e dos Parlamentos Nacionais no processo de construção europeia. Mas o Tratado é um instrumento institucional; o Tratado não substitui a acção de cada um de nós, Governos e cidadãos, no desenvolvimento da cidadania europeia.

Julgo que o PES Activists, cuja secção portuguesa tenho acompanhado com especial interesse, representa uma plataforma importante de circulação de ideias e debates entre os socialistas europeus, que são, a par da família democrata-cristã, os pais fundadores da Europa que conhecemos nos últimos 50 anos: um modelo de paz, democracia e desenvolvimento social, que serve de referência a outras regiões do mundo.

Como europeísta militante, é com agrado que vejo a possibilidade de votar em 2009 num Partido Socialista, candidato ao Parlamento Europeu, com base numa proposta política comum e participada, como aquela que o PES Activists está a preparar a nível europeu. No passado, as atitudes dos portugueses face à Europa têm combinado o apoio à adesão com o desinteresse e o afastamento face às questões europeias. As várias presidências portuguesas da UE foram a manifestação clara de que é na Europa que nos podemos afirmar enquanto País. E temos de trazer todos a esse projecto comum. Nesse sentido, o PES Activists parece-me a estrutura indicada para começar a envolver militantes, independentes e organizações não governamentais na construção dessa Europa do Século XXI que agora começa.

Augusto Santos Silva

Secretário Nacional do Partido Socialista

Ministro dos assuntos parlamentares

In Newsletter PES Activists Portugal Nº2

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