Experiencia Irlandesa
Meus caros,
Para vos dar uma pequena ideia do que foi a Irlanda, escrevi estas linhas para terem uma percepção da realidade eleitoral (pelo menos da que eu enfrentei). Cada eleição é um momento separado, muito como as nossas eleições autárquicas.
A minha acção de campanha dividiu-se em duas partes: Campanha genérica (acções do Partido Trabalhista, envelopagem de cartas para vários candidatos) e Campanha para Candidatos a Deputados. A primeira não difere muito (na realidade, não difere nada) do trabalho que estamos habituados, portanto passemos à frente e centremos este texto na Campanha para Candidatos a Deputados.
A primeira pessoa para quem fiz campanha foi para Ruairí Quinn. Ruairí Quinn é o anterior Secretário Geral do Partido Trabalhista, um nome consagrado e respeitado na política irlandesa. Devo dizer também que foi, de longe, o mais profissional, não deixando nada ao acaso. Extremamente cordial com toda a gente, mantinha sempre a mesma pose estivesse a falar com jovens ou adultos, fossem mulheres ou homens. Sempre com o seu gravador de bolso, gravava a morada e o nome das pessoas com quem falava para posterior envio de uma carta para a pessoa em causa. Quando eu digo falava, é exactamente isso que quero dizer. A campanha é feita de maneira pessoal, no porta a porta, e é literal. Vamos em equipa bater à porta de casa das pessoas, e perguntamos se querem e têm tempo para falar com o Candidato e eventualmente colocar dúvidas para que este o possa esclarecer. Se as pessoas responderem que sim, que estão disponíveis, então o candidato avança para casa das pessoas, para as esclarecer. E é este o caso em que Ruairí Quinn grava a morada e o nome das pessoas para depois enviar uma carta de agradecimento pelo tempo e paciência demonstrados. Embora as previsões estivessem contra ele, quando saímos de lá parecia confirmado a sua eleição.
A segunda pessoa para quem fiz campanha foi para Joanna Tuffy. Joanna Tuffy é senadora (a câmara alta, mas na realidade menos poderosa que o parlamento, pois não pode fazer aprovar leis nem bloqueá-las, somente atrasá-las). Joanna tem uma batalha imensa pela frente, como se pode constatar. Isso mesmo pudemos constatar enquanto andámos no porta a porta a colocar panfletos de campanha nas caixas de correio. As pessoas que estavam em casa não pareciam especialmente “entusiasmadas” com o facto de sermos do Partido Trabalhista. O facto de ser uma zona com muita gente jovem (casais jovens, jovens pais) não prevê nada de bom para o futuro do Partido Trabalhistanesta constituinte, claramente com dificuldades de implementação, embora Joanna Tuffy seja também uma jovem mãe, bem dentro do espírito das pessoas que encontrámos. E embora ela esteja a efectuar um grande trabalho, temo que não esteja a conseguir penetrar na população.
Por fim, Dominic Hannigan. Dos três, o que tinha o quadro mais favorável. No entanto, não se deixou embriagar por isso, e está no terreno com uma grande equipa, fazendo quilómetros no porta a porta, e demorando o tempo que for necessário para responder a todas as perguntas que lhe fazem, o que obriga a que a sua equipa esteja ainda mais preparada para “aguentar” as pessoas até ele chegar. Extremamente dinâmico, conseguiu reunir uma equipa altamente motivada e trabalhadora, bem à sua imagem. É, de todos os que conheci na Irlanda, o que melhor representa o futuro do Partido Trabalhista, e se não se deixar enveredar pelo jogo político, não me admirava que pudesse vir a representar muito quer no Partido Trabalhista, quer na própria Irlanda. Em comparação com outros jovens do Partido Trabalhista, Dominic Hannigan é muito mais dinâmico, mais independente, (pareceu) mais politicamente valioso e mais líder. Tudo indica que vá chegar ao Parlamento.
Em suma, três candidatos, três experiências completamente distintas. Os dados estão lançados. Amanhã, 24-05-2007, são as eleições. No dia seguinte já se deve saber os resultados.
Quanto à nossa mais valia, ela foi clara. Mais notória no caso de Joanna Tuffy, menos (provavelmente) no de Dominic Hannigan, mas em todos o impacto foi positivo, e a ajuda importante. É algo que tende a ser cada vez mais importante, e que aconselho vivamente a quem queira viver a política europeia na sua plenitude.
Valeu a pena!
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