'Não agir sobre o clima será "criminalmente irresponsável"'
'Deixar de agir agora para conter o aquecimento global será "criminalmente irresponsável", disse ontem Yvo de Boer, secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.
O aquecimento global vai "afectar mais duramente os países mais pobres e mais vulneráveis", disse Yvo de Boer, na abertura de uma reunião do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), em Valência, Espanha.Até sábado, cientistas e representantes governamentais vão concluir o quarto relatório do IPCC sobre o estado o aquecimento global. Será uma síntese de três relatórios já lançados anteriormente este ano.Os cenários do IPCC apontam para aumentos de 1,1 graus Celsius a 6,4 graus Celsius na temperatura média global até 2100, relativamente aos valores de 1980-1999.
Mas, diz o IPCC, ainda há tempo para limitar a subida da temperatura e evitar consequências desastrosas."Não reconhecer a urgência desta mensagem e da necessidade de agir seria nada menos do que criminalmente irresponsável", afirmou Yvo de Boer. O relatório-síntese do IPCC funcionará como um ponto da situação para as negociações de um novo acordo internacional sobre as alterações climáticas.
O Protocolo de Quioto, que obriga os países desenvolvidos a reduzir as suas emissões de gases que alteram o clima, só tem metas até 2012. Uma conferência da ONU em Bali, em Dezembro, vai discutir o que fazer a seguir.Algumas organizações ambientalistas estão preocupadas com a possibilidade de interferências dos governos no texto final do IPCC. Os relatórios produzidos e revistos por mais de 2000 cientistas são condensados em "sumários para decisores políticos", cuja redacção é votada linha a linha.
"Há um contraste entre a enorme riqueza do trabalho do IPCC e os cortes de inspiração política nos sumários", afirma Hans Verolme, da organização internacional WWF, num comunicado. '
Publicado no Jornal Público, no dia 13/11/07
Marco Lacomblez Leitão
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